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domingo, 28 de outubro de 2012
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
O Último Discurso
Sinto muito, mas não
pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou
conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio...
negros... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim.
Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por
que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para
todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos
extraviamos. A cobiça envenenou a alma
dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar
a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da
velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz
abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos;
nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem
pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de
inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será
de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza
dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à
fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha
voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados,
homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres
humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não
desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da
cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso
humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que
do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a
liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses
brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as
vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos
sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma
alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como
bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da
humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar...
os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo
sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do
homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós!
Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar
felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de
faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos
desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que
a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à
velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas,
só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores
liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo,
abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência.
Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam
à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês,
Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva
para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens
estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A
alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a
luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!
Filme
“O Grande Ditador” – Charlie Chaplin
terça-feira, 2 de outubro de 2012
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