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domingo, 16 de março de 2014

Noel Rosa - O poeta da vila

NÃO TEM TRADUÇÃO - Noel Rosa

O cinema falado é o grande culpado da transformação 
Dessa gente que sente que um barracão prende mais que o xadrez 
Lá no morro, seu eu fizer uma falseta 
A Risoleta desiste logo do francês e do Inglês 
A gíria que o nosso morro criou 
Bem cedo a cidade aceitou e usou 
Mais tarde o malandro deixou de sambar, dando pinote 
Na gafieira dançar o Fox-Trote 
Essa gente hoje em dia que tem a mania da exibição 
Não entende que o samba não tem tradução no idioma francês 
Tudo aquilo que o malandro pronuncia 
Com voz macia é brasileiro, já passou de português 
Amor lá no morro é amor pra chuchu 
As rimas do samba não são I love you 
E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny 
Só pode ser conversa de telefone..


Noel Rosa (1910-1937) foi um compositor, cantor e violonista brasileiro. Um dos mais importantes artistas da historia da música popular brasileira. Em pouco tempo de vida compôs mais de 300 músicas, entre sambas, marchinhas e canções. Entre suas músicas destacam-se, "Com que roupa", seu primeiro sucesso, "Conversa de botequim", "Feitiço da Vila" e "Fita amarela". Ficou conhecido como "O Poeta da Vila".
Noel Rosa (1910-1937) nasceu no bairro de Vila Isabel, Rio de janeiro, no dia 11 de dezembro. Filho do comerciante Manuel Medeiros Rosa e da professora Marta de Medeiros Rosa. Foi aluno do tradicional Colégio São Bento. Muito cedo aprendeu a tocar violão e bandolim. Em 1930 ingressa na Faculdade Nacional de Medicina mas depois de dois anos abandona o curso. Já estava envolvido com a música e a boemia. Formou junto com os músicos Almirante, Braguinha, Alvinho e Henrique Brito, o conjunto Bando de Tangarás.
Entre os anos de 1930 a 1937, Noel compôs mais de 300 músicas, entre sambas, marchinhas e canções. Entre sua músicas destacam-se, "Com que roupa", seu primeiro sucesso, "Conversa de botequim", "Feitiço da Vila" e "Fita Amarela". Entre os interpretes de seus sambas destacavam-se Aracy de Almeida, Francisco Alves e Mario Reis. Mestres da Música Popular Brasileira como Chico Buarque de Holanda e Paulinho da Viola, fazem questão de realçar a influência que Noel Rosa teve em suas músicas.
Em 1934 casa-se com Lindaura, moça da alta sociedade, mas tinha várias amantes e passava noites pelos cabarés do bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, cantando, bebendo e fumando. Acometido de tuberculose, foi para Belo Horizonte para tratamento de saúde. Na volta para o Rio de Janeiro, achando-se curado, volta a vida boemia.
Noel Medeiros Rosa morreu de tuberculose, no dia 4 de maio de 1937, em sua casa no Rio de Janeiro, ao lado da esposa e da mãe, com apenas 26 anos.
Noel Rosa foi homenageado em filmes e peças de teatro. Em 2010 a Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, apresentou o enredo do carnaval com o samba Noel: A presença do Poeta da Vila, de autoria de Martinho da Vila.

sábado, 9 de novembro de 2013

A Alquimia do amor ao Livro

Realmente, como em todas as disciplinas, ao abordar qualquer tema, utilizam, predominantemente, como referência, a leitura e a escrita, é fundamental que essas práticas sejam estimuladas por todos os professores, independente da área de atuação.

Entretanto, convivemos diariamente com situações de aprendizagem que, ao invés de estimular, acabam inibindo ainda mais o gosto dos alunos pela leitura.  Por isso eu acho que, em muitas áreas, ouvimos professores reclamar que os alunos não leem, entretanto, percebe-se que esse professor não lê.  

Eu acho que nós, enquanto professor, independente da área, até indiretamente, acabamos por estimular nos alunos aquilo que cultivamos. Um professor que lê e compartilha sua leitura com os alunos, tem muito mais chance de inocular o seu gosto pela leitura do que aquele que não lê. Isso ocorre não só pelo conhecimento adquirido e contato com a obra, mas também pelo modo como isso é apresentado e cultivado junto aos alunos.  

Ai está o principal desafio do professor de Língua Portuguesa, já que essa é sua alquimia: Inocular o vírus do amor ao livro que, segundo José Midlin, é incurável. E, acima de tudo, procurar inocular esse vírus no maior número possível de pessoas para que essa proximidade perene se multiplique a cada dia. 
Abraços, Ademir

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

domingo, 28 de outubro de 2012

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Último Discurso


            Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.

            Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

            O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.  A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

            A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

            Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

            Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

            É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

            Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

Filme “O Grande Ditador” – Charlie Chaplin

terça-feira, 2 de outubro de 2012

sábado, 29 de setembro de 2012

O VELHO, O MENINO E O BURRO



Conta tradição antiga
Que um velho camponês
Precisando de dinheiro
Em certa altura do mês
Manda o filho caçula
Buscar o burro ou a mula
Para vender dessa vez.

O menino vem ligeiro
Trazendo o belo burrinho,
Seguiram os três pra cidade
Logo de manhã cedinho
Ninguém montou no animal
Pra ele não dar sinal
De cansaço do caminho.

Porém numa curva
Da estrada 
Viram um viajante
Que falou: - “Que “besteira”!
O animal vai vazio
E o pobre velho senil
Vai a pé na caminhada”

- “Vejam, só, que grande asneira
É promessa ou penitência?”
E o velho lhe deu razão
E foi no burro montando
E o menino  puxando
Na mais pura inocência.

E foi dizendo o velhote
- “Só assim ninguém reclama
E tapo a boca do mundo!”
Logo à frente as lavadeiras
Lavando nas corredeiras
Gritaram: - “Mas que burrama!”

  - “Um marmanjão com saúde
Muito contente montado
E um pobre menininho
Puxando o burro! Ah, malvado!...
Este mundo está perdido
Desça daí seu bandido
Que o menino está cansado!”

Depois dessa, o pobre velho
Indignado acenou
E na garupa do burro
O seu menino montou
E disse ali sem demora:
- “Quero ver quem fala agora!?”
E o seu caminho continuou

Mas não deu nem dez minutos
Desponta ali na frente
Montado na bicicleta
Um roceiro e diz: - “Oxente!
O pobre desse animal
Não vai chegar ao final
Com esse peso em dia quente!”

 Disse isso e foi-se embora
E o velho concordando
Desce, deixando o menino
E sai na frente puxando
Mas encontra outro sujeito
Que ao menino curva o peito:
- “Majestade!” O vai saudando.

Logo pergunta o menino:
- “Por que falas: majestade?”
- “Porque somente os príncipes
Tem servo na tua idade
Puxando as montarias
Não fosses rei não terias
Lacaio à tua vontade!”

- “Lacaio, eu?” – Diz o velho
- “Mas que grande desaforo!”
Desça ligeiro menino
Pra não ouvir este coro
Vamos com o burro nas costas
Pra ver se o mundo assim gosta
E não faça mais agouro

E os dois com o burro nas costas
Qual estranho ritual
Encontram alguns rapazes
Que fazem tal carnaval
Gritando: - “Vejam três burros
Só falta soltarem zurros
Quem é o mais burro afinal?”

E o velho grita: - “Sou eu!
Burro de orelha também
Querendo escutar o mundo
Sendo aconselhado além
Quem segue o mundo maluco
Vai morrer doido e caduco
Sem nunca agradar ninguém!”

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